sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Arquitetura e Cinema (1)

À Evaldo Coutinho e Bernardo Dimenstein.

“Dentro de um filme a arquitetura pode ser tratada de duas formas, uma conceitual e outra prática: pode ser o foco onde os cineastas, ou a indústria do cinema expõe os seus conceitos sobre a arquitetura ou pode-se acentuar a presença de práticas arquitetônicas dentro do próprio cinema” (2).

Conceitos


Arte – Embora não exista um consenso definitivo sobre o que seja arte, se fizermos algumas relações poderemos ter uma idéia aproximada. O leitor deve ter, pelo menos, sua concepção pessoal do que ela seja e é capaz de identificar um objeto artístico de outro que não seja, o que já é suficiente para o que se pretende aqui. A idéia sobre arte é tão pessoal e tão ampla quanto a experiência e a intuição de cada um e não nos impede impede de cometer eqívocos.

Gênero artístico – Ainda que apenas tendo uma idéia pessoal sobre o que seja arte já é necessário dar um passo adiante para definir o que vem a ser um gênero artístico. A arte é
algo que possui características que a particulariza e outorga-lhe autonomia em relação a outras atividades humanas. A par dessa autonomia é possível fazer uma distinção, dentro do grande grupo, dos gêneros artísticos. Uma forma prática de agrupar é a partir da identificação da matéria de cada gênero. Assim, a matéria do Cinema é imagem em movimento; a matéria Pintura é a cor; a matéria da Arquitetura é o espaço tridimensional, da Escultura é o volume, e assim sucessivamente. Estando essa matéria presente no objeto artístico, sem nenhuma outra matéria de outro gênero artístico, se diz que há um gênero puro. A concepção de um gênero artístico puro é um modelo teórico, difícil de verificar na prática, ainda mais em Arquitetura e Cinema, mas encontra validade aqui para verificarmos que as relações entre estes gêneros iniciam desde o estabelecimento de conceitos primitivos de arte e gênero.

Autoria artística – Alguns objetos artísticos são de autoria de um único indivíduo, não são de autoria compartilhada ou criações coletivas, exemplos disso são quadros, esculturas, composições, versos e quase toda prosa que se conhece. Em Arquitetura e Cinema a autoria de uma obra é sempre de um conjunto de pessoas mesmo que predomine a idéia de um único indivíduo, e as exceções confirmam a regra.

Fronteira estética – Os objetos artísticos estabelecem o que se conhece por fronteira estética, que é o limite entre cena e espectador, isso fica bem claro quando contemplamos um quadro na parede, que permite reconhecer uma paisagem familiar mas impede-nos de in
teragir com ela, pois o que há naquela moldura não é realidade em si, mas uma representação da realidade. A fronteira estética é o que nos mantém afastados da representação. Mas em Arquitetura a fronteira estética não é condição imperativa da natureza artística dos lugares arquiteturais porque neles a fronteira estética não existe, nem por isso a Arquitetura deixa de ser arte. O sujeito espectador, nos lugares arquiteturais, encontra-se completamente envolvido pelo objeto artístico, desde o momento da concepção (autoria compartilhada) até o momento do usufruto (pessoa arquitetural), e com ele interage. A natureza artística do lugar arquitetural permite que ele seja, ao mesmo tempo, lugar de ação e de representação, sem fronteira estética.

Ambos, Arquitetura (sempre) e Cinema (nem sempre), não estabelecem fronteira estética. Os demais gêneros artísticos sempre estabelecem fronteira estética.

O Cinema utiliza-se de lugares arquiteturais e pessoas arquiteturais para sua realização. Os lugares arquiteturais do Cinema são a locação e o estúdio. As pessoas arquiteturais do cinema são os técnicos e os atores, entre eles e a representação não há fronteira estética, é possível interagir com a cena. Situação oposta acontece na platéia do cine, também formada p
or pessoas arquiteturais desde que o edifício que as abriga é um objeto arquitetural mas, no momento da exibição pública, o Cinema estabelece fronteira estética porque o que há na tela não é realidade em si, mas uma representação da realidade, que já não permite interagir com a cena.

Categorias de realidade dos lugares cinematográficos

No domínio do real nem todas as possibilidades imagináveis se concretizam, motivo pela qual a arte tende a superar a realidade mesmo quando a retrata fielmente, porque ela permite possibilidades muito além desta, razão de assegurar para a arte sua existência privilegiada e encontrá-la como possibilitadora de uma subjetividade que dialoga com a realidade. Categorizá-la, começando por definir o universo da realidade, cumpre o objetivo de distinguir os níveis de representação de todos os lugares, inclusive dos lugares cinematográficos. A Figura 1 mostra, esquematicamente, que os lugares se organizam como subconjuntos do universo da realidade que parte do geral e chega ao particular em níveis concêntricos. Como se verificará adiante, é redundante fazer essa distinção para os lugares arquiteturais porque eles são, sempre, realidade. Cabe apenas assinalar a existência de um conjunto de lugares arquitetônicos pertencente ao universo da realidade.

O universo da realidade não pode ser definido com precisão, é aceito com base na experiência e intuição pessoais. Nele está presente tudo o que é material e o que é possível materializar-se, basta que algo seja apenas cogitado para que, de alguma forma, faça parte deste universo. As idéias e a expressão das idéias fazem parte do universo da realidade sob um estatuto diferente das coisas e das pessoas; as primeiras são realidades virtuais, as segundas são realidades efetivas e ambas se interpenetram. O universo da realidade é o quadro de primeira referência para o estudo das representações e de todos os espaços possíveis em qualquer dimensão, esses espaços são os lugares de ação do homem. No universo da realidade situam-se os lugares arquiteturais, que são inúmeros, classificados, quase sempre, conforme suas funções e características. Aqui interessa os que são utilizados pelo cinema, doravante chamados lugares cinematográficos.

Todo e qualquer lugar cinematográfico está contido dentro do universo da realidade, mas não tem de ser um lugar arquitetural. A possibilidade de um lugar ser ou não cinematográfico é temporária e não-obrigatória. Um lugar cinematográfico pode ter sido concebido com essa destinação exclusiva, como um estúdio de filmagens ou uma sala de exibição, e assim ele permanece indefinidamente, outro pode ter sorte inversa e tornar-se lugar não-cinematográfico. Alguns lugares possuem essa destinação de forma potencial, ou seja, um dia podem vir a ser lugares cinematográficos, conforme as necessidades, estes são lugares cinematográficos eventualmente. A distinção entre o lugar cinematográfico, o não-cinematográfico e o cinematográfico eventualmente se faz pela presença ou ausência da intenção e da função artística juntas. Basta a presença de um projetor para que o lugar não-cinematográfico se converta, automaticamente, em cinematográfico? Não, pois se assim fosse uma projeção ao ar livre ou um “home theather” qualificariam-se como lugares cinematográficos, o que não ocorre. Os cines exigem um projeto arquitetônico especifico que os particulariza e os diferencia de qualquer outro tipo de construção. Os cines têm sua origem nos teatros adaptadas à projeção. Com o passar do tempo eles evoluíram, deixaram de ser cines-teatros com caixas cênicas italianas e telas no proscênio, adquiriram função exclusiva para exibição de filmes, atendendo a exigências técnicas que inexistem no espetáculo teatral. Mesmo que os cines atuais ainda lembrem um teatro ou eventualmente um teatro possa ser usado pra exibição de filmes, eles não são a mesma coisa, há uma semelhança que apenas revela um parentesco filial. É obrigação do arquiteto que projeta um cine conhecer as especificações técnicas e dotá-lo de intenção e função artística, sem o qual um cine dificilmente qualifica-se como lugar cinematográfico, cuja existência e conformação privilegiada assemelham-se, na intenção e função artísticas, não nas especificações técnicas, àqueles outros lugares do universo da realidade que servem aos propósitos de outros gêneros artísticos, como museus, galerias, salas de concerto e ateliês.

Uma vez que são as especificações técnicas, intenção e função artística que qualificam os lugares do fazer artístico, nos lugares cinematográficos há ainda uma distinção a ser feita entre os lugares de cenas (set) e os lugares de projeções (cines). Nos primeiros acontece a produção cinematográfica, a fronteira estética é inexistente, pois ele também é lugar arquitetônico onde atua o arquiteto-cenógrafo e os demais membros da equipe. Nos segundos acontece a exibição, a fronteira estética existe, pois embora também seja um lugar arquitetônico, é, sobretudo, de representação, em tela, dos lugares arquitetônicos que antes serviram como lugares de cenas.

Categorias de representação

Para falar em categorias de representação é necessário admitir que o universo da realidade (ver Figura 1) comporta as representações. Não é fácil admitir que a realidade à qual nos habituamos possa ser uma representação, embora seja perfeitamente possível admitir que ela contenha representações; o mais comum é considerar realidade e representação como entidades distintas enquanto, de fato elas apenas participarem de estatutos diferentes que se interpenetrarem produzindo “delírios de interpretação” no observador que, algumas vezes, pode até chegar a confundir figura (representação) com objeto (realidade).

As categorias de representação organizam-se em vários níveis sucessíveis. O primeiro nível de representação é o que serve de referência para os níveis seguintes e, como tal, parece mais real do que os níveis seguintes. Assim sendo, se estabelece uma cadeia de representações, na qual cada representação se afasta da anterior como reflexos de espelhos sucessivos que mostram imagens que mesmo distanciadas e distorcidas ainda guardam semelhança com o objeto primeiro (real). À representação basta oferecer uma imagem do real, não ele próprio. Essa imagem atinge o observador de maneira particular, sem cumprir as leis próprias enunciadas pela ciência e pela lógica que imperam no universo da realidade. A representação é sempre uma subtração enriquecedora e surpreendente, dentre tantas possíveis, que não esgota os significados múltiplos não substitui nem reduz o valor da realidade, com a qual dialoga.


Categorias de representação nos lugares arquitetônicos.

A realidade é susceptível de ser plasticamente tratada pela arte. A Arquitetura tematiza a realidade em sua integral tridimensionalidade, enquanto os outros gêneros artísticos apenas a representam. Entretanto a Arquitetura não deixa de ser, ela mesma, uma representação, ela é, pelo menos, a representação tridimensional interpenetrante dos desígnios do arquiteto, como uma fotografia é a representação bidimensional dos desígnios do fotógrafo. Este raciocínio só é aceito porque a arte evolui num meio diferente do racional, como “algo que não se pode formular e, no entanto, se sente compreender” (3).

Conceber a representação em Arquitetura é conciliar dois conceitos aparentemente antagônicos, quais sejam o da realidade e da representação. Deve-se ter em mente que a representação em Arquitetura se dá unicamente no primeiro nível, que é o da realidade, por isso a Arquitetura é tida como arte de realidade. Essa particularidade deste gênero artístico determina a natureza do lugar arquitetural e talvez explique a razão pela qual a Arquitetura é objeto e meio de exploração dos limites dos sistemas de representação artística.

A grande particularidade da Arquitetura consiste em ela ser uma representação que não se permite representar plenamente por nenhum outro meio de reprodução, pois ela é tridimensional, penetrável a todos os sentidos da percepção humana, é uma porção do universo que preserva as qualidades do todo.

O lugar arquitetural materializa-se somente a partir de uma idéia que se permite corporificar-se como matéria espacial penetrável aos seres existentes. Ela é moldada a partir de frações do real e o seu resultado é, no entanto, uma representação. A Arquitetura, em sua tridimensionalidade, é arte de realidade estilizada e não realidade pura e para podermos desfrutá-la plenamente temos de nos deslocarmos até ela e a penetrarmos. Como as montanhas, as ilhas, os países distantes, a Arquitetura não vem até nós porque encontra-se fixa ao entorno não-arquitetural. Essa fixidez ao entorno colabora para desnaturá-la de sua condição de representação, aumentando a ilusão de que ela é muito mais realidade do que qualquer outra representação que se configure como objeto em plena condição de mobilidade.

A Arquitetura possui a capacidade de representação insuperada até pelos mais avançados meios tecnológicos, pois a representação arquitetônica é a única que cria espaços cartesianos onde a ação e percepção do indivíduo se dá naturalmente e de forma simultânea.

A representação da Arquitetura por meio de imagens nunca foi o bastante para usufruirmos de toda sua plenitude espacial, no entanto nunca deixamos de representá-la por meio da fotografia, da pintura, do cinema, porque nas representações da Arquitetura por estes outros gêneros artísticos é suficiente a satisfação visual, pois a visão é “o sentido que mais contribui para a síntese arquitetural” (4) em qualquer nível de representação. Enganada pela falsa tridimensionalidade das representações bidimensionais, a visão satisfaz-se com uma representação de segunda ordem como se fosse de primeira.

As fotos, as pinturas, os filmes e outros objetos artísticos representam aspectos da realidade, representam, inclusive, a Arquitetura e trazem ela até nós. Se estamos parcialmente impossibilitados de estarmos nos lugares arquiteturais estes objetos artísticos cumprem o papel de comunicar a existência daquilo que não podemos ver em sua plenitude. Para comunicar esses fenômenos afastados são produzidos os segundos, terceiros e outros tantos níveis de representação da primeira representação (real).

A reprodutibilidade dessas representações foi facilitada pela indústria cultural, da qual a Fotografia e o Cinema são exemplos consagrados. Estes são considerados como formas de representação mecânica do real, pois seu processo de geração de imagens provém de uma máquina, a câmera fotográfica, que são os olhos do artista e do observador ao mesmo tempo. Como formas de representação parcial, apresentam a Arquitetura em falsa tridimensionalidade, ou em bidimensionalidade ilusionista.

“Os recursos de representação, apesar de não ofereceram a coisa em si, são meios que ainda abrigam suficiente informação para que o original se faça conhecer em sua identidade estética” (5), por este motivo o Cinema e a Fotografia são tão utilizados para a fixação e divulgação de lugares arquiteturais. Por isso é mister do arquiteto executar cenários que sejam lugares arquiteturais que quando reproduzidos na tela ainda preservem a identidade estética de sua concepção original, e isso é o suficiente, mesmo que, na tela, o lugar arquitetural não esteja mais em sua palpabilidade material, em sua plenitude tridimensional, tenha perdido a simultaneidade entre a ação e percepção, que não são, afinal, condições inapeláveis de existência no real. Nessas condições o lugar arquitetônico representado no Cinema terá ganho qualidades outras que por muito tempo buscou.


Categorias de representação nos lu
gares cinematográficos

Diferente da Arquitetura, que é arte de realidade, no Cinema as representações acontecem em dois níveis, pelo menos, quais sejam o da primeira representação e da segunda representação.

A primeira representação no Cinema é o set, que é o lugar das filmagens. É nesse momento que o Cinema é arte de realidade tanto quanto a Arquitetura. É nesse nível de representação que acontece a interação mais íntima entre Arquitetura e Cinema, mantendo, ambas, a autonomia de gênero artístico.

Na primeira representação do Cinema, o real, não há fronteira estética, neste nível a Arquitetura manifesta-se integralmente. Na segunda representação do Cinema, na tela, há fronteira estética, neste nível a Arquitetura manifesta-se parcialmente. Fica confirmado, duplamente, que os lugares arquiteturais no Cinema estão na primeira representação das categorias de representação e nos lugares de cenas das categorias de realidade, neles os gêneros artísticos não são violados por nenhum desvio que fira sua natureza original. Os lugares arquiteturais projetados na tela do cine não são físicos, obviamente, mas são perfeitamente funcionais na medida em que cumprem a finalidade de fornecer ao observador uma ilusão satisfatória da realidade retratada. Desta feita, há de se admitir que os lugares arquiteturais no Cinema que também são lugares de projeções são de primeira representação enquanto o Cinema é de segunda.

Nada impede o arquiteto de ocupar-se de qualquer outra tarefa na equipe de filmagens, ele pode atuar, escrever, dirigir, mas procedendo assim ele se afasta do mister profissional de criar os lugares de cenas arquitetonicamente, tarefa para a qual ele está habilitado. O arquiteto pode ainda projetar os locais da segunda representação, ou seja, os cines. Ao projetá-los ele estará intervindo passivamente no processo cinematográfico, o contrário acontece ao projetar os espaços da primeira representação quando o arquiteto estará intervindo ativamente no processo cinematográfico.

Crise da representação

As categorias de representação que foram expostas aqui não é o único esquema aplicável às categorias de realidade. É uma convenção aceita por um grupo num certo momento de desenvolvimento do pensamento social. Este pensamento está ligado à história das técnicas, dos meios de reprodução de imagem e à percepção de realidade do indivíduo e da sociedade no momento em que foi formulado. Por este motivo está sujeito a modificar-se por reinterpretações que o adequem às circunstâncias.

O que se fez até aqui foi cumprir a ingrata tarefa de dar certa ordem ao cosmo do limite da nossa percepção. É preciso considerar que não há ponto fixo no espaço e que foram as teorias da física que deram novo sentido à compreensão do espaço onde há “somente a inércia do instante real que dá forma ao presente vivo. Uma duração psicológica sem a qual não existiria qualquer apreensão do mundo, qualquer paisagem mundana” (6).

A realidade tornada permeável pela representação, a redefinição filosófica e científica das noções de tempo e espaço que os relativizaram, levaram à presente crise de representação que nem a Arquitetura nem o Cinema conseguem dar respostas satisfatórias. A crise no sistema de representação é um fato que, em teoria, foi antecipado em muitos anos e previu o surgimento de um local que é, ao mesmo tempo, de ação e de percepção simultâneas sem ser um lugar arquitetural tradicional e que, eventualmente, o substituiria.

Somente com o aparecimento da tela do computador interativa, que ao mesmo tempo é representação e lugar de ação, e mais, com velocidade de transmissão que permite a simultaneidade, é que pudemos vislumbrar, a partir de um mero desenvolvimento tecnológico, o possível surgimento de uma nova matéria para um novo gênero artístico que supere as categorias de representação conhecidas e que impossibilite “qualquer distinção normativa entre o real e o simulado” (7).

Tocado pelo advento da Fotografia e do Cinema, Coutinho contemplou “a propósito do futuro incluo a possibilidade da tecnologia inventar nova matéria para a formação de outro gênero artístico” (8). Com o incremento recente da velocidade das comunicações e do aparecimento de um mundo em redes digitais que reduziu distâncias e reconfigurou o espaço geográfico conhecido, tivemos mais claramente a noção de simultaneidade na percepção das representações. Arquitetura e Cinema nos dão possibilidades de apreender a realidade de uma forma bastante ampliada, são, entre os gêneros artísticos ditos clássicos, os únicos que permitem uma percepção espaço-temporal simultânea da realidade que eles representam. Mas as suas possibilidades de representação são limitadas pela incapacidade desta em não ser nada mais do que uma redução que oculta e revela segundo a vontade do autor, segundo as limitações da técnica de expressão e pela capacidade do observador. A representação é uma condicionante indissociável do fazer artístico e é geradora de outra natureza produzida pelo artista, ela nos atinge pelo prazer estético e não pelo pela racionalidade científica.

Se todos os gêneros artísticos são meras técnicas de representação mais ou menos próximas da realidade, todas elas apresentando áreas de sombra que ocultam do olhar a visão da totalidade e, sendo esta ocultação um fator comum a todos os gêneros, em qualquer nível de representação, pode-se coloca-la em evidência e trabalhar somente com as variáveis. Para superar a crise da representação foi dada especial atenção aos gêneros que permitem uma recepção simultânea da realidade, ver “quase tudo” ao mesmo tempo. Enquanto a interface dos computadores não for alçada à categoria de gênero artístico, se todos os gêneros mais ocultam o real do que revelam, a Arquitetura e o Cinema sendo os que mais revelam, fica estabelecida a relação funcionalista entre estes gêneros, pois são os que mais satisfazem a necessidade de representar o real.

CRÉDITO DAS IMAGENS:

- Claudio Cruz.

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NOTAS:

(1) Resumo de Arquitetura e Cinema, a primeira parte do trabalho final de graduação intitulado Projeto de Arquitetura Cênica para o curta metragem Vitrais. Cláudio Cruz. Recife UFPE, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, 1998.

(2) XAVIER, Ismail, 1996.

(3) COUTINHO, Evaldo. O Espaço da Arquitetura. Recife: UFPE, 1970. p. 158.

(4) VIRILIO, Paul. O Espaço Crítico. Rio de Janeiro. Ed 34, 1993. p. 60.

(5) VIRILIO, Op. Cit, p. 89.

(6) COUTINHO, Evaldo. Entre a Imagem e o Espaço. Diário de Pernambuco, Recife 18-25 mar. 1988. Panorama Literário, p. B6.

(7) Walter Benjamim: a exemplo do cinema, a arquitetura fornece matéria para uma recepção coletiva simultânea. Citado em VIRILIO, Op. Cit.

(8) COUTINHO, Evaldo. Entre a Imagem e o Espaço. Diário de Pernambuco, Recife 18-25 mar. 1988. Panorama Literário, p. B6.

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COMO CITAR ESTE DOCUMENTO:

CRUZ, Cláudio. Arquitetura e Cinema: relação funcional. Heliográfica, online, Recife. Novembro/2007. Disponível: http://heliografica.blogspot.com/. Acesso em [usar formato dia/mês/ano].